“Ser cristão não é resultado de uma escolha ética ou de uma ideia elevada, mas do encontro com um acontecimento, uma pessoa, que dá à vida um novo horizonte e uma direção decisiva”.
Este foi o tema da pregação do saudoso Papa Emérito Bento XVI. Ele enfatizou continuamente a importância de conhecer a Pessoa de Cristo e ter um relacionamento profundo e pessoal com ele.
Como a Igreja universal homenageia a memória de Bento nesta semana, esperamos que essas reflexões ajudem você a experimentar a verdade de suas palavras além da Liturgia Diária.
Sim, eu acredito
Acreditar não é somar uma opinião a outras. E a convicção, a crença de que Deus existe não é uma informação como qualquer outra.
Em relação à maioria das informações, não faz diferença para nós se são verdadeiras ou falsas; não muda nossas vidas. Mas se Deus não existe, a vida é vazia, o futuro é vazio.
E se Deus existe, tudo muda, a vida é leve, nosso futuro é leve, e temos orientação de como viver. Portanto, acreditar constitui a orientação fundamental da nossa vida.
Acreditar, dizer: “Sim, creio que és Deus, creio que estás presente entre nós no Filho encarnado”, dá uma direção à minha vida, impele-me a apegar-me a Deus, a unir-me a Deus e para encontrar minha morada e a maneira de viver.
Amizade com o Mestre
A alegria mais pura está na relação com [Jesus], encontrado, seguido, conhecido e amado, graças a um esforço constante da mente e do coração.
Ser discípulo de Cristo: para um cristão isso basta. A amizade com o Mestre garante profunda paz e serenidade à alma, mesmo nos momentos sombrios e nas mais árduas provações.
Quando a fé encontra as noites escuras, nas quais a presença de Deus já não é “sentida” nem “vista”, a amizade com Jesus garante que, na realidade, nada poderá separar-nos do seu amor
Deus se faz pequeno por nós
O sinal de Deus é a simplicidade. O sinal de Deus é o bebê. O sinal de Deus é que ele se faz pequeno por nós. É assim que ele reina. Ele não vem com poder e esplendor exterior. Ele vem como um bebê — indefeso e precisando de nossa ajuda.
Ele não quer nos dominar com sua força. Ele tira nosso medo de sua grandeza. Ele pede nosso amor: então ele se faz criança.
Ele não quer nada de nós senão o nosso amor, através do qual aprendemos espontaneamente a entrar em seus sentimentos, seus pensamentos e sua vontade – aprendemos a viver com ele e praticar com ele aquela humildade de renúncia que pertence à própria essência de Ame. Deus se fez pequeno para que pudéssemos entendê-lo, acolhê-lo e amá-lo.
Deus nos cura em corpo e espírito
Onde quer que Jesus vá, o Espírito Criador traz vida, e homens e mulheres são curados de doenças do corpo e do espírito. O senhorio de Deus manifesta-se assim na cura integral do ser humano.
Com isso, Jesus quis revelar o rosto do verdadeiro Deus, o Deus próximo, cheio de misericórdia para com cada ser humano; o Deus que nos faz dom da vida em abundância, da sua própria vida.
O reino de Deus é, portanto, a vida que se impõe sobre a morte, a luz da verdade que dissipa as trevas da ignorância e da mentira.
Amar Nossos Inimigos
O amor ao inimigo constitui o núcleo da “revolução cristã”, uma revolução que não se baseia em estratégias de poder econômico, político ou midiático; um amor que não depende, em última análise, dos recursos humanos, mas é um dom de Deus que se obtém confiando única e sem reservas na sua bondade misericordiosa.
Aqui está a novidade do evangelho que silenciosamente muda o mundo! Aqui está o heroísmo dos “humildes” que acreditam no amor de Deus e o propagam, mesmo à custa de suas vidas.
O Caminho do Discipulado
Não há dúvida de que seguir a Cristo é difícil, mas, como ele diz, só a salvará quem perder a vida por causa dele e do evangelho (cf. Mc 8,35), dando pleno sentido à sua existência. Não há outra maneira de ser seus discípulos, não há outra maneira de testemunhar seu amor e buscar a perfeição evangélica.